domingo, 6 de novembro de 2011

Eyes Wide Open

 

           Olá amigos do Matou de Canela. Sou Igor Rufini, um dos criadores do site A Prancheta, no qual tenho a honra de partilhar também com os mestres do MdC, Alcysio Canette e Rodrigo Moraes.
É uma grande honra fazer parte desse espaço que, para mim, trata-se de um dos mais legais da internet brasileira, e só conta com feras. Pretendo manter a linha do blog, colocando sob uma ótica própria. Espero que gostem.

Vamos lá:

         Todos, ou a maioria de nós, tem um clube do coração. Aquele clube que é capaz de fazer você viajar centenas de quilômetros, gastar boa parte do seu orçamento com ingressos, materiais e artigos. Aquele clube que você defende nas discussões, tal como faz quando falam mal de alguém que você ama. Ops, ama? Será então, o amor, o responsável pela adoção de um clube do coração? Será o amor, o sentimento responsável pelo elo entre você e seu time favorito?

        Segundo o dicionário Aurélio, amor pode ser entendido como “sentimento de dedicação absoluta de um ser ao outro, ou uma coisa”. Logo, de acordo com tal definição, é totalmente plausível designar “amor” ao sentimento de torcedores.
Se é, então, o amor que guia os torcedores aos estádios. Se é o amor que os guia rumo a compras exorbitantes nas lojas oficiais de clubes, se é o amor que até os cega, onde estaria o motivo da criação de tal sentimento?

 

          Muitas pessoas dizem que o amor é intrínseco e autoexplicativo. Entendo que tal definição é válida quando o assunto é referente a pessoas. E que clubes não são pessoas. Não é possível crer que o amor, nesse caso, venha a se desenvolver de maneira intrínseca. Há, portanto, motivos externos que desenvolvem esse sentimento. Mas qual seriam esses fatores? 

            Há três maneiras de conquistas que os clubes exercem sobre os torcedores. A primeira é a de herança familiar. É muito comum ver o filho ser influenciado pelo pai, e torcer pelo mesmo clube do mesmo. A segunda é a de identificação ideológica. Acontece quando nos encantamos pela estrutura, história, marcos e/ou características, de grandiosas até pequenas como uniformes e emblemas. Aí passamos a torcer por aquele clube por nos ver inseridos naqueles princípios, e totalmente identificados com tudo. O terceiro tipo de conquista é o por meio de influência social. Esse é um famoso “Maria vai com as outras”. Como as pessoas em seu ciclo, e/ou pessoas que você admira, torcem por determinada equipe, você começa a torcer porque é influenciado.  É bem parecida com a de herança familiar, mas é algo feito durante a vida.

           “O amor cega”. E o mesmo ditado popular pode ser usado também para o amor futebolístico. Em escala tão perigosa quanto, ou até mais, o amor excessivo por um clube pode prejudicar a própria vida particular da pessoa. Romper com compromissos pessoais, com balancete familiar, com relações legais. Tudo isso pode acontecer... É, o futebol também pode ser vilão.


         O importante é sempre ficar de olho em uma questão: a alienação. Sempre se perguntar, para que eu estou fazendo isso? O que isso vai me acrescentar de tão valioso? Não estou rompendo limites, e colocando uma organização, na qual eu “julgo” fazer parte, a frente da minha vida?

         Tudo deve ser dosado, assim como os sentimentos futebolísticos. O fanatismo mata, e é uma viseira que te faz romper com vida e assinar contrato com a ilusão.


            Tudo é volátil e passa. Faça sua autorreflexão diária. Torcer é importante, e extremamente benéfico. O fanatismo, porém, é desprezível e perigoso. Procure amar seu clube, mas não se alienar a ele. O futebol é um jogo. Perder faz parte. Ganhar, ainda bem, também. Torcer disciplinadamente e com inteligência é indispensável para o futebol que queremos ter.

2 comentários:

Wilson Oliveira disse...

Só tenho uma coisa a dizer: excelente!

Principalmente essas frases:
- "O fanatismo mata, e é uma viseira que te faz romper com vida e assinar contrato com a ilusão."

- "Torcer é importante, e extremamente benéfico. O fanatismo, porém, é desprezível e perigoso. Procure amar seu clube, mas não se alienar a ele."

Igor Rufini disse...

Valeu, Wilson!

É um assunto delicado de se discutir, porque vai direto no "calcanhar de Aquiles" de muita gente.

É um assunto que, também, não é interessante para os clubes. Porque, para eles quanto mais fanáticos forem seus torcedores, melhor é!

Para a imprensa esportiva, idem!

Está no nosso dever não omitir das responsabilidades e não colocá-las na frente de nossos interesses.

Abração, meu caro!