terça-feira, 22 de novembro de 2011

I Cinque Grandi e due piccoli - A Internazionale de Moratti

           Em participação especialissima, o MdC tem orgulho de apresentar um texto do Interista e, apesar disso, competente Arthur Barcelos, colega do "A Prancheta" O texto, lógico, versa sobre a Internazionale, com respeito e seriedade que ela merece já que, fosse eu, milanista, a escrever, num ia ficar tão bom assim.

          Aproveitem o ótimo texto !

I Cinque Grandi e due piccoli - A Internazionale de Moratti

          Depois de Juventus, Roma, Lazio, Napoli e Udinese, enfim a Internazionale. Aliás, por onde anda aquele time que conquistou cinco Scudetti seguidos? Aquele time que bateu o chamado de “melhor time do mundo”? E time da era Bavária em Milão? Ou quem sabe, a era do Catenaccio de Herrera? Sim, porque hoje, essa que chamam de Internazionale não lembra nem um pouco (nem 1%) desses elencos citados, não mesmo.
           É inegável que desde a saída de José Mourinho e Gabriele Oriali, o time nunca mais rendeu como antes. Mesmo mantendo boa parte da “base”. 
           Com Ranieri, as coisas se acalmaram um pouco, mas o clima em Appiano Gentile ainda não é dos mais agradáveis, basta observar a expressão de Moratti após o empate contra a Roma, e as derrotas em pleno Giuseppe Meazza para Napoli e Juventus.
          O técnico, de poucas palavras e uma expressão de superioridade (que não condiz com suas últimas campanhas), sabiamente ao invés de fazer como Gasperini e inventar demais, geralmente faz o óbvio. É verdade que vem sofrendo bastante com as constantes lesões, como por exemplo, dos titulares: Júlio César, Maicon, Lúcio, Samuel, Chivu, Thiago Motta, Cambiasso, Sneijder, Forlán e Pazzini. Isso mesmo, dos 11 titulares, apenas o veterano e capitão do time, Javier Zanetti não veio a se lesionar desde que Ranieri assumiu. Menos mal que, pelo menos mais da metade já se recuperou, e até dezembro, todos estarão em campo. Ou não.
           O esquema tático é o 4-3-1-2, que em alguns jogos tem até surpreendido pela ofensividade do time, que domina a posse de bola e concluiu mais ao gol, mas nem por isso às vezes volta à “origem” e se limita a contra-ataques (aliás, o time sempre foi mais eficiente assim).



               Destaques? Olha, garanto que são pouquíssimos. Podemos destacar a dupla argentina que compõe o tridente de volantes, Zanetti e Cambiasso. Quanto mais velhos ficam, mais técnicos e inteligentes ficam, e ainda possuem mais fôlego que muitos jovens. Sneijder? Não é de longe aquele de 2009, mas de vem em quando, dá as caras e faz boas partidas. Maicon desde que voltou de lesão vinha muito bem, até que voltou a se lesionar, e só volta em dezembro, um grande desfalque para o time, e quem perde também com isso, é Pazzini, já que era o camisa 7 quem mais recebia cruzamentos do lateral brasileiro.


            E apesar de as coisas não andarem como o esperado na Serie A, a campanha na Champions League até vem sendo razoável, tanto que praticamente já encomendou a classificação para a próxima fase, precisando apenas de um empate no próximo jogo.

             Condição para se recuperar da má fase, isso tem de sobra, mas é preciso de muito, mas muito trabalho durante os próximos meses, caso ainda sonhe com uma vaguinha para a Europa League, ou quem sabe, playoffs da Champions League. Afinal, “nunca é tarde para sonhar”. Mas não basta sonhar, é preciso agir! E rápido Mr. Moratti.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

I Cinque Grandi e due piccoli - A Udinese de Di Natale

           Seguindo na série de uma semana mais longa da história desse país, a parada agora será em Udine, no nordeste da Peninsula. Por lá, o senhor Antonio "Toto" Di Natale é capitão, artilheiro, herói e "bandiera". Símbolo de um time, o atual capocannoniere da Serie A, com 8 gols até o momento, Di Natale é temido por toda bota.
           O presidente Franco Soldati deveria ter investido alguns euros nos "Zebrette" no começo desta temporada pois, no último campeonato italiano, um quarto lugar garantiu vaga à fase classificatória da UEFA Champions League a seu time. Pois é, deveria. O que se viu ao final da temporada 2010/2011 na Udinese foi um grande desmanche. A começar pela grande estrela, ao lado de Di Natale, da campanha na temporada passada, o atacante chileno Alexis Sanchez, cedido ao Barcelona. Podemos citar também  a cessão de Inler, Zapata e Candreva, peças importantes no esquema da equipe de Udine na temporada 2010/2011.

          Com essa debandada de jogadores importantes, o técnico Francesco Guidolin contou com uma reposição que, a primeira vista, era de qualidade duvidosa. Os nomes de Neuton, D'Agostino, German Denis e Vitor Barreto não pareciam lá muito convincentes e credenciados a repetir a campanha que garantiu o quarto lugar dos "bianconeri" de Udine. Com as peças que tinha, Guidolin manteve o 3-5-1-1, dessa forma escalado:

         Contudo, a dúvida não se confirmou e a equipe de Udine é líder na corrida pelo Scudetto dessa temporada. Tem como destaques Pablo Armero (provando de uma vez por todas que nunca foi lateral) e Asamoah pela esquerda, Basta, um pouco mais defensivo,  e Isla pela direita, a Udinese usa bem as laterais do campo. O ataque, com Pinzi, ou Floro Flores, e o eterno Di Natale tem funcionado muito bem, tendo marcado 13 gols até o momento.
       Melhor do que o setor ofensivo zebrette, a defesa da equipe de Guidolin tem tido um desempenho invejável. A começar pelo arqueiro Handanovic, que sempre se mostrou ótimo jogador, mas vem se destacando muito nessa temporada. O trio defensivo formado, normalmente, por Benatia, Danilo e Domizzi também merece seu destaque. Afinal de contas, apenas 4 gols concedidos em 10 rodadas é um feito comparável ao desempenho da defesa milanista, campeã na temporada passada.

        Tendo em vista as boas performances do time de Guidolin, sua ótima defesa e se Di Natale mantiver seu ótimo nível de jogo, mesmo aos 34 anos, a Udinese tem chances de repetir o feito da temporada passada e, talvez, garimpar um terceiro lugar.

domingo, 6 de novembro de 2011

Eyes Wide Open

 

           Olá amigos do Matou de Canela. Sou Igor Rufini, um dos criadores do site A Prancheta, no qual tenho a honra de partilhar também com os mestres do MdC, Alcysio Canette e Rodrigo Moraes.
É uma grande honra fazer parte desse espaço que, para mim, trata-se de um dos mais legais da internet brasileira, e só conta com feras. Pretendo manter a linha do blog, colocando sob uma ótica própria. Espero que gostem.

Vamos lá:

         Todos, ou a maioria de nós, tem um clube do coração. Aquele clube que é capaz de fazer você viajar centenas de quilômetros, gastar boa parte do seu orçamento com ingressos, materiais e artigos. Aquele clube que você defende nas discussões, tal como faz quando falam mal de alguém que você ama. Ops, ama? Será então, o amor, o responsável pela adoção de um clube do coração? Será o amor, o sentimento responsável pelo elo entre você e seu time favorito?

        Segundo o dicionário Aurélio, amor pode ser entendido como “sentimento de dedicação absoluta de um ser ao outro, ou uma coisa”. Logo, de acordo com tal definição, é totalmente plausível designar “amor” ao sentimento de torcedores.
Se é, então, o amor que guia os torcedores aos estádios. Se é o amor que os guia rumo a compras exorbitantes nas lojas oficiais de clubes, se é o amor que até os cega, onde estaria o motivo da criação de tal sentimento?

 

          Muitas pessoas dizem que o amor é intrínseco e autoexplicativo. Entendo que tal definição é válida quando o assunto é referente a pessoas. E que clubes não são pessoas. Não é possível crer que o amor, nesse caso, venha a se desenvolver de maneira intrínseca. Há, portanto, motivos externos que desenvolvem esse sentimento. Mas qual seriam esses fatores? 

            Há três maneiras de conquistas que os clubes exercem sobre os torcedores. A primeira é a de herança familiar. É muito comum ver o filho ser influenciado pelo pai, e torcer pelo mesmo clube do mesmo. A segunda é a de identificação ideológica. Acontece quando nos encantamos pela estrutura, história, marcos e/ou características, de grandiosas até pequenas como uniformes e emblemas. Aí passamos a torcer por aquele clube por nos ver inseridos naqueles princípios, e totalmente identificados com tudo. O terceiro tipo de conquista é o por meio de influência social. Esse é um famoso “Maria vai com as outras”. Como as pessoas em seu ciclo, e/ou pessoas que você admira, torcem por determinada equipe, você começa a torcer porque é influenciado.  É bem parecida com a de herança familiar, mas é algo feito durante a vida.

           “O amor cega”. E o mesmo ditado popular pode ser usado também para o amor futebolístico. Em escala tão perigosa quanto, ou até mais, o amor excessivo por um clube pode prejudicar a própria vida particular da pessoa. Romper com compromissos pessoais, com balancete familiar, com relações legais. Tudo isso pode acontecer... É, o futebol também pode ser vilão.


         O importante é sempre ficar de olho em uma questão: a alienação. Sempre se perguntar, para que eu estou fazendo isso? O que isso vai me acrescentar de tão valioso? Não estou rompendo limites, e colocando uma organização, na qual eu “julgo” fazer parte, a frente da minha vida?

         Tudo deve ser dosado, assim como os sentimentos futebolísticos. O fanatismo mata, e é uma viseira que te faz romper com vida e assinar contrato com a ilusão.


            Tudo é volátil e passa. Faça sua autorreflexão diária. Torcer é importante, e extremamente benéfico. O fanatismo, porém, é desprezível e perigoso. Procure amar seu clube, mas não se alienar a ele. O futebol é um jogo. Perder faz parte. Ganhar, ainda bem, também. Torcer disciplinadamente e com inteligência é indispensável para o futebol que queremos ter.