quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Ode ao Futebol Moderno - Parte 1

O título se explicará ao longo do texto, além de ser uma homenagem a Mario de Andrade e sua Paulicéia desvairada. Esqueçam ele por enquanto, se atenham ao importante aqui: O que é o futebol moderno?

O texto foi meio encomendado pelo amigo de longa data, o sr. @HerrPires. Enquanto assistia a partida entre Bangu e Nova Iguaçu, no glorioso estádio Moça "derretendo" Bonita, o porquinho viu uma placa que não trazia nenhuma frase nova para que acompanha o velho e delicioso esporte bretão. Os torcedores esticaram a flâmula com as palavras "Não ao Futebol Moderno !". Afirmo que essas palavras não são novidade alguma pois até um ótimo jornalista, Mauro Cezar Pereira, da ESPN, e seu colega Flávio Gomes já proferiram tal síntese de ódio e desprezo a modernidade do jogo bonito.

Contudo, entretanto, todavia, ficou em aberta a questão do que seria, na verdade, esse futebol moderno. E como bons pilantras e canalhas da internet, nada mais justo do que ficar em cima do muro e mostrar as possíveis facetas desse "novo" futebol.
Se esse tal "Futebol Moderno" a que os torcedores, jornalistas e Marias que falam de esporte se referem, for aquele que proibiu bandeiras e rojões em estádios, que pune com cartão amarelo o jogador que na euforia de marcar um gol, corre em direção a sua torcida e arranca a camisa ou sobe no alambrado, é de bom tom tal crítica. Se for aquele em que os Tribunais desportivos e seus *gasp* nobres julgadores puxam o holofote para si, ou aquele em que os clubes pequenos agonizam e só podem sobreviver as custas de contraventores ou empresários pouco ligados a história destes e seus torcedores, não há o que criticar a placa e seu discurso. Ainda, jogadores que se tornaram verdadeiros ciganos, sem qualquer apego as camisas que vestem dão mais razão ainda a faixa.
Qualquer amante do verdadeiro esporte e sua magia tem nojo do que se tornou o futebol. O que outrora era paixão, emoção, amor incondicional, se tornou, para muitos, mercadoria. Inclusive para as futuras gerações de torcedores. Os valores foram invertidos, e os estádios, que em outras épocas eram ponto de encontro para as massas de pessoas com as mesmas camisas, as mesmas músicas ensaiadas e de classes sociais diferentes, tornaram -se reduto de mosquitos e vândalos, torcedores profissionais e predadores do próprio clube. Os ingressas ficaram mais caros e a família agora prefere se reunir na frente da TV, comendo sua pipoca na segurança e conforto de seu sofá. Ou na birosca da esquina, na casa da sogra. Em qualquer lugar,  menos nas arquibancadas. Esse é o efeito mais marcante dessa modernização do futebol.
Seguindo esse caminho, o futebol brasileiro esmorece, morre aos poucos. Alguns enriquecem, e não são os clubes, ainda mais os pequenos, como Bangu e Nova Iguaçu. A esses, resta comer mortadela e arrotar caviar.

A este Futebol Moderno, Mario de Andrade escreveu:


"Eu insulto as aristocracias cautelosas! 
Os barões lampiões! os condes Joões! os duques zurros! 
que vivem dentro de muros sem pulos; 
e gemem sangues de alguns mil-réis fracos 
para dizerem que as filhas da senhora falam o francês 
e tocam os "Printemps" com as unhas!"


Um comentário:

@HerrPires disse...

É exatamente isso, muito enfeite e pouca comida! Proíbem tudo, menos a putaria das torcidas organizadas, as maletas sumidas dos Euricos, as declarações vexatórias das Patrícias, as mamadas de Siemsens em Celsos... Nosso futebol está nas últimas!