sábado, 26 de janeiro de 2013

Tem que ter 'cojones'....


Virou hobby de torcedor do Botafogo pegar no pé do Oswaldo de Oliveira, tanto que no Twitter, economizam caracteres chamando-o de OdeO, para ser mais preciso, 14 caracteres que podem render boas palavras como Rafael Marques ou Fora OdeO duas vezes! Sem contar os xingamentos...


A última foi graças a repercussão da entrevista exclusiva de Loco Abreu em sua trincheira uruguaia ao SporTV apontando diretamente OdeO como responsável por sua saída do clube alvinegro. Loco jogou para a torcida e Oswaldo entrou na dança do Loco...
Loco Abreu já não apresenta o seu melhor futebol desde a reta final do Brasileirão-2011, a chegada de Oswaldo e a mudança tática gerada por ele, levaram o uruguaio ao banco e depois ao Figueirense. Loco não encaixava no jogo de OdeO, o jogo de OdeO não se encaixava com Loco. Apesar disso, o time que jogou sem atacante de ofício em 2/3 do Brasileirão de 2012 foi um dos melhores ataques. O 1/3 restante teve Herrera em grande fase até deixar o clube e Rafael Marques, um grande pivô. Grande no tamanho e pivô no campo porque só escorou bolas e não fez um gol sequer até agora.
Até aí, pode não ser nenhuma novidade para você que chegou até esta parte do texto mas o fato é que OdeO abriu mão de Loco Abreu para jogar sem atacantes e quando sugeriu e bancou a contratação de um, trouxe um cara de características semelhantes e uma grande diferença: Rafael Marques não tem carisma de ídolo ou faro de gol.
Sebastian Loco Abreu veio num momento de baixa do Botafogo, trouxe o brilho e o orgulho, mostrou os cojones quando necessário e puxou de volta a torcida com seus gols e cavadinhas. O ato de carregar a bandeira do clube na classificação uruguaia na Copa do Mundo deu orgulho aos botafoguenses. Encarar, bater de frente e vencer o Flamengo depois do patético episódio do chororô inflou o ego de todo alvinegro e tirou Loco Abreu do Hall de atacantes trombadores para o de Hall de atacantes que até podem ser trombadores mas tem uma baita estrela.

Antes mesmo das entrevistas, OdeO num raio de consciência, sabedoria, dedução ou simples ato de sorte, optou por cortar o tal Rafael Marques do elenco nas primeiras rodadas do Carioca. Trouxe para o time o recém-contratado Henrique, que não tem toda essa aptidão de artilheiro e o candidato a goleador Bruno Mendes aguardando ansiosamente o retorno do fenômeno Seedorf.

Na entrevista/réplica, OdeO atirou para todos os lados, citou sem citar que Loco não era tão querido assim no grupo de jogadores e dirigentes. Talvez tenha faltado alguém dizer isso a Loco, como revelou hoje o dirigente-torcedor Chico Fonseca. Talvez Loco Abreu até soubesse mas jogou para a torcida de qualquer jeito. OdeO mirou no alvo errado e atirou mais errado ainda.
O X da queXtão é que OdeO não colocou Loco Abreu no Hall de ídolos. Citou os grandes Garrincha, Nilton Santos, Túlio Maravilha. Na análise fria, Loco não foi tão grande quanto esses mas foi ídolo e ao tocar nessa ferida, OdeO comprou de vez uma queda de braço (que só será reversível com títulos) com a torcida. Uma coisa tipo Jon Jones contra o anão do Ratinho, sendo que OdeO é o figurante do SBT. Uma derrota para o Fluminense só vai botar mais pressão sobre OdeO e seus contratantes, a vitória vai dar fôlego ao anão que poderá vencer o super-campeão com toda a trupe do Ratinho auxiliando.
E o Seedorf pode chegar lá mas ainda falta um Maurício pro craque da 10 chegar no Loco. Como se diz culhões em holandês? Ele também terá que ter...


sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Eu adoro os Estaduais!

Salve, salve, caneleiros. Cá estou de volta para ajudar a não cumprir as famigeradas promessas de ano novo, neste caso, a de manter regularidade nas portagens deste espaço. Sempre que começo um texto, largo o rascunho e não termino, logo, deixo os amigos, inimigos e leitores órfãos de mais uma opinião sobre uma animosidade qualquer do mundo dos esportes.
Desabafo feito, tomo a palavra para declarar meu amor aos Campeonatos Estaduais. Sim, você pode desistir de ler o texto agora e comentar no fim que sou idiota mas a sua conclusão será precipitada.
Sério, tirando o Moraes, que torce pro Milan, e algumas outras exceções, quem cresce numa cidade e torce para um time do local sabe o quanto é prazeroso assistir a um jogo do seu time, comemorar uma vitória, repercutir o golaço do fim de semana, saborear um título e até mesmo chorar uma derrota. Isso tudo, claro, com o seu time perto, podendo assistir, convivendo com outros torcedores, o que no caso do Moraes é mais difícil. Os campeonatos estaduais trazem isso para perto de todos nós.
E os times de bairro/cidade que durante aqueles três ou quatro meses representam um pedacinho de lugar e seus fieis seguidores. Eles e suas cores, tradições, manias, superstições. Sim, eles estão quase acabados, boa parte não sobreviveu a mercantilização, mas outros tantos ainda estão por aí. E outros foram substituídos, a nova ordem deu a empresários e prefeituras a oportunidade de gerências esse pedaço de paixão, mas já disse o bravo Bam-Bam, aquele que inaugurou a honrosa categoria dos ex-ex-BBB: faz parte.
Óbvio, que os estaduais estão inchados, óbvio que há um grande conflito de interesses entre as federações e os clubes de maior investimento (eufemismo horroroso graças ao politicamente correto no futebol) mas quem curte história do futebol (não nos mande aos museus) e a essência de torcer, sabem que os estaduais são legais. Ir jogar nos alçapões com nomes imponentes sempre causou calafrios nos grandes times: Guilherme da Silveira, Conselheiro Galvão, Teixeira de Castro, Ítalo del Cima, Bariri... Fora as viagens a Campos, Volta Redonda, Saquarema, Três Rios.
Sim, agora além de idiota você pode querer me chamar de saudosista. Mas que eram bons tempos de jogos nesses estádios, eram. E são! Após o empate contra o Bangu, o técnico Oswaldo de Oliveira listou diversos fatores, especialmente o gramado e o estádio de Moça Bonita. E no Rio, já vimos como é chato o Estadual sem jogos nos estádios pequenos. Vira um bando de jogo-treino que podem até derrubar técnicos mas não motivam os torcedores. Pena que no Rio, apenas 4 times tem estádios em condições de mandar seus jogos contra os grandes. 
Eu também acho que os estaduais estão inchados, que é um exagero ter o Paulistão com 20 times, Carioca e Gaúcho com 16. Sei que diminuir o número de clubes talvez decretasse de vez a morte dos donos desses estádios que citei e que a tal mercantilização talvez esmagasse de vez a tradição. E o que seriam de Dé, Macula, Clodoaldo, Givanildo, Ozeias... Mas não, não acabem com os Campeonatos Estaduais.

Isso me lembra um samba, Argumento, de Paulinho da Viola.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Inconfundível brilho da prata.

Ele é um dos melhores no que faz. Tem a habilidade para fazer o que quiser com a bola nos pés. Abusado e arredio, não tem medo de partir, correr, driblar e acelerar o jogo ou, se necessário, travar a partida de um jeito que ninguém consegue desatar o nó que ele faz. Mas todo esse talento veio em conjunto com uma falta de sorte de dar gosto.

Nascido em uma cidade pequena, começou em um clube pequeno e, aos poucos, foi chamando a atenção por sua habilidade incomum e por um inconfundível talento, tanto com a bola quanto com as mulheres. Foi aclamado por muitos o melhor jogador em atividade durante um bom tempo. Ganhou quase todos os títulos que podia com seu clube. Com toda badalação e apoio, levou seus gols e seus dribles ao máximo que podia, a seleção nacional.

Contudo, estava sempre um passo atrás, sempre vivendo as sombras de alguém. Mas não alguém simplesmente assim, o "alguém". Não importava o quanto corria, fazia, se esforçava. A partir de certo momento de sua carreira, passou a ser visto como um ótimo coadjuvante. Todos viam suas qualidades, mas havia um astro maior em atividade e o eclipse foi inevitável.

Até certo momento, quando um desses imprevistos da vida surge e lhe dá a chance, talvez não desejada daquele modo, de ser protagonista novamente e mostra para o mundo todo que há vida além do os olhos alcançam.
Essa parte do texto remete a quem? se você pensou Mané Garrincha, acertou. Mas repare no futebol moderno e veja que o "anjo das pernas tortas" deixou um herdeiro, lusitano ainda. O gajo Cristiano Ronaldo é, indubitavelmente, o Mané Garrincha do futebol moderno. Um jogador quase perfeito, completo, mas que teve o azar de ser contemporâneo do astro principal do velho esporte bretão.
Cristiano Ronaldo precisa, assim como Mané precisou, de um acaso para ser protagonista novamente. O português precisa de um "1962" em sua vida, um imprevisto que impeça o maior de todos de jogar. Só assim Ronaldo terá, novamente, o seu ano, o seu nome escrito no mais alto lugar do panteão esportivo.
Agora, espera-se que, caso esse "1962" ocorra na vida do gajo, ele não se perca, assim como fez o Mané.

UPDATE

Essa foto não podia ficar de fora. Impagável.
Via @101greatgols.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Os dois lados.

Como amplamente noticiado, em um amistoso entre Milan e Aurora Pro Patria, time que disputa a Lega Pro Seconda Divizione, os atletas Muntari, Niang e Kevin Prince Boateng foram alvos de coros e cânticos racistas pela torcida do time local. Em dado momento, Boateng chutou a bola na direção dos agressores e se recusou a continuar na partida, o que levou Allegri a retirar todo o time rossonero de campo e encerrar o amistoso.

As imagens estão aqui:

Realmente é de se lamentar o que aconteceu e, em entrevista coletiva, Massimiliano Allegri e Massimo Ambrosini, o capitão da equipe, deram contornos definitivos ao assunto. As entrevistas podem ser assistidas aqui. e aqui.

Pelo twitter, diversos fãs e jogadores, como Patrick Viera e o irmão do ganês, Jerome Boateng, demonstraram seu apoio a atitude de Allegri e Boateng, reforçando movimento de luta contra o racismo, em todas as suas formas.

O MdC apoia incondicionalmente toda a luta para erradicar essa estupidez que é a discriminação, em qualquer ambiente.

Contudo, entretanto, todavia, pode parecer ridículo, mas acredito que a atitude de Kevin Prince Boateng merece uma grande ressalva, por alguns motivos importantes.
Antes de mais nada, o agora camisa 10 rossonero vem tendo uma temporada abaixo de todas as expectativas, até as dos mais pessimistas. Realocado por Allegri na posição de falso 9 no 4-3-3 milanista, Boateng não tem rendido um cazzo, sendo seríssimo candidato ao Bidone d'Oro se continuar assim.

Por lógico não deve ser uma sensação agradável atuar sob coros racistas. Mas o que se deve exigir de um atleta, que atua em um clube como o Milan é o mínimo de responsabilidade. A atitude de pegar a bola e chutar na direção da torcida adversária foi impulsiva e inconsequente. Reprovável em todos os sentidos. 
Não há qualquer invasão de politicamente correto neste espaço, apenas uma constatação de que Kevin Prince Boateng não está, de forma alguma, qualificado a vestir a camisa 10 do Milan. E agora a confirmação dessa suspeita se dá em nível alarmante. A #10 já foi vestida por Ruud Gullit e por Clarence Seedorf, que, provavelmente sofreram com coros racistas do mesmo jeito e não tiveram a atitude infantil de Boateng. 
Novamente, a atitude de sair de campo é a perfeitamente cabível nessa situação. Quem quer que tenha mandado retirar os times de campo merece aplausos.  Mesmo a reação de Boateng de abandonar a partida foi digna e perfeita. Mais ainda, fora do Milan, é fácil lembrar da reação de Roberto Carlos quando jogava na Rússia, ao ser quase atingido por uma banana atirada no gramado. Todavia, o descontrole emocional do atleta profissional não pode ser deixado de lado.
A ponto principal é que, se fosse uma partida de UCL ou mesmo de Serie A, teria Boateng reagido dessa maneira? Eu acredito que não. O atleta pensaria duas vezes antes de lançar a bola na direção das arquibancadas por conta das sanções vindouras, consequências de sua atitude impensada.