segunda-feira, 5 de março de 2012

É. Foi. Mas poderia ter sido mais.

            A premissa do texto é irritar o @alcysio. Lógico, eu vou falar no Arsenal, e não ele. Mas, honestamente, essa é mais uma reflexão do que provocação.
            O motivo do texto atende pela alcunha de Robin Van Persie, holandês de Roterdã, nascido em 1983, o atacante canhoto é, atualmente, o capitão dos Gunners, o camisa 10, e a principal arma (sem trocadilho) do Arsenal já há algumas temporadas. Iniciou sua carreira no Feyenoord e, em 2004, se transferiu para o time da capital inglesa. Depois de passar pelo calvário das lesões dos holandeses habilidosos (vide Arjen Robben), finalmente se firmou no Arsenal. Nesta temporada, com o retorno de Cesc Fábregas ao Barcelona, Van Persie herdou a braçadeira e a função de carregar o canhão inglês praticamente sozinho. Com 24 gols até agora só na Premier League, ele vem dando mostras do quão fora de série pode ser considerado e, mais ainda, dando sinais de personificar a alma do Arsenal. Um símbolo
          Gostou da introdução, gooner? Pois bem, agora vem o ponto que eu pretendo por em discussão. A situação atual de Van Persie no Arsenal, principalmente na conjuntura em que se encontra a equipe, faz lembrar a de outros fuoriclasse, principalmente peninsulares. A bandiera, o símbolo do time, a referência. Jogadores que são considerados fenomenais, contudo, poderiam ser muito mais.
          Como falar sobre a Roma e não tocar no nome de Francesco Totti? O interminável capitão romano sempre foi um ponto de referência quando se fala em habilidade. Também camisa 10, também atacante de técnica e finalização refinadíssimas, mas com um quê de peladeiro. Mito. De currículo fraco. Na Roma desde 1992, Totti conquistou apenas um Scudetto, duas Coppe Italia e duas SuperCoppe Italiana. Campeão Mundial com a Azzurra em 2006, e aos 35 anos, a carreira de Totti poderia ter sido mais. Contudo, ele escolheu ser símbolo, algo maior.
        Continuando na Itália, só mudando de cidade. A Udinese tem seu símbolo também. Um atacante, camisa 10, que carrega esse time nas costas desde 2004. Antonio Di Natale, nascido em Nápoles, conhecido como "Toto Di Natale" é, sem dúvidas, um jogador fora de série. Artilheiro isolado da Serie A nas últimas duas temporadas, segue, aos 34 anos, na corrida por mais um prêmio de Capocannoniere, nesta temporada. Quanto a títulos, segue sem nenhum em sua carreira profissional. Di Natale, assim como Totti, escolheu permanecer na Udinese e trocar uma sala de troféus cheia pelo reconhecimento de um povo.
        Citei apenas dois, e acho que me fiz entender. O Milan tem suas bandeiras, e tenho muito orgulho delas. Mas é uma situação diferente, e uma visita na biografia de Maldini e Baresi mostrarão que a escolha pela permanência foi facilitada pela conquista de títulos constantemente.
            Robin Van Persie tem 28 anos, é um jogador excepcional. Mas sua coleção de títulos tem apenas 3 taças, sendo uma Copa da UEFA (UEL) pelo Feyernoord e, pelo Arsenal, uma FA Community Shield e uma FA Cup. O tempo passa rápido, e escolhas devem ser feitas. Cabe ao holandês, como fizeram os dois italianos citados, escolher entre ser lembrado por sua técnica indefectível e títulos conquistados por ela ou pelo prêmio que parece maior: tornar-se uma lenda para uma torcida, deixando de lado, pelo menos atualmente, as glórias e as conquistas.