quarta-feira, 18 de julho de 2012

"Ripartiamo da zero" - Parte I

               Com essa frase, alguns dias depois da partida de Thiago Silva e alguns outros antes da confirmação da transferência de Ibrahimovic para o mesmo P$G, Massimiliano Allegri deu início a temporada em que ele vai ter que mostrar que vale todo o investimento feito em seu salário e, ainda, a confiança que lhe foi depositada após o Scudetto nº 18 do rossonero.
                As saídas dos considerados "novos pilares" foi antecedida pelo término de um ciclo campeão, iniciado em 2003/2004, com o Scudetto nº 17 e com seu término após as saídas (amistosas ou não, não me interessa) de Pirlo, Nesta, Inzaghi, Seedorf e Gattuso, principalmente. Claro, outras peças chaves para o time nas últimas temporadas, como Zambrotta e Van Bommel também foram dispensados. O único que restou dessa safra de campeões, o capitão desse barco, Massimo Ambrosini, o Ambroleone, tem a missão de ensinar aos novatos o código de conduta do Milan, e toda sua tradição.
               Os aproveitadores e os desesperados já gritam aos quatro ventos que o Milan acabou, que a Serie A já perdeu sua importância. O fato de que nenhum jogador TOP tenha restado na Peninsula (ainda podem chegar Van Persie e Tevez, mas isso é para outro texto) corrobora, e muito, com esses argumentos. Honestamente, não há como refutar o que a UEFA já confirmou: a Serie A é inferior a Premier League inglesa, a La Liga e a Bundesliga. E, se a coisa seguir nesse ritmo, a Ligue 1 também vai passar o coeficiente italiano na UEFA.
                   Contudo, alguns pontos devem ser ressaltados. A Família Berlusconi, nos idos de 1986, comprou o controle majoritário de uma Associação esportiva praticamente falida, depois de duas quedas a Serie B. Desde então, cobrindo os prejuízos do próprio bolso, Silvio il cavaliere Berlusconi presenteou aos milanistas nada menos do que 26 títulos, sendo 5 Copa dos Campeões, ou Liga dos Campeões. Sempre vestiram a camisa preta e vermelha atletas com potencial para serem os melhores do mundo. Mas, uma hora, a fonte seca, os ovos de ouros raream e chega a hora de arrumar a casa.
                       De acordo com dados do ótimo blog "The Swiss Ramble", da temporada 08/09 até a 10/11, as perdas somaram 146,4 MILHÕES de Euros. A renda auferida em um dia de jogo na temporada 10/11 foi de ridículos 35,3 Milhões de Euros (se comparadas com Manchester Utd. e Arsenal, com 130 e 111,7 milhões, respectivamente). Os gastos com salários, por outro lado, chegaram a 198 milhões de Euros, a maior na Serie A e perdendo, na Europa, apenas para Barcelona, Real Madrid, Man. City e Chelsea.
                       A saída dos medalhões aliviou, e muito, a folha salarial. A saída do Ibra mais ainda, porque o sueco tinha o salário mais alto da Serie A, ganhando miseráveis 9 milhões de euros por temporada. A chegada do Fair Play financeiro da UEFA impede que os "donos" coloquem dinheiro de seus bolsos nos caixas, para cobrir as perdas. E, assim, as combalidas empresas de Berlusconi ajudaram o Milan uma última vez, de forma gratuita (sem intuito de lucro, na verdade) na temporada passada.
                      De agora em diante, o Milan tem que ser um grupo empresarial (sim, formado pelas empresas A.C. Milan SpA, Milan Entertainment SpA e Milan Real Estate SpA) que consiga gerir seus recursos com responsabilidade e manter os gastos abaixo da arrecadação. E, no futebol, além do dinheiro das transmissões e dos ingressos, o grosso da arrecadação vem das negociações e transferências de jogadores.

                     No popular, foram os anéis, ficaram os dedos. E esse é o assunto para a próxima parte desse texto.

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