quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Vergonha do futebol brasileiro. Pena dos torcedores.

          
            A CBF, como já havia antecipado os sempre amigos jornalistas da Rede Globo, unificou hoje oficialmente a Taça Brasil e a Taça Roberto Gomes Pedrosa, o Robertão, ao campeonato Brasileiro organizado por ela desde 1971. Dessa forma, as Taças acima citadas foram transformadas também em títulos brasileiros oficiais, agora contados a partir de 1959. Quem lucrou com a farta distribuiçao de títulos foram, principalmente, Santos e Palmeiras. Entretanto, isso é o menos importante. O que chama a atenção nesse patético processo é a subserviência dos clubes, a falta de respeito que os dirigentes têm as tradições das agremiações e, principalmente, a falta de critério ou mesmo de conhecimento que o mandante da CBF e seus capangas têm dos esporte dito nacional, da nossa Monocultura esportiva.
 

         Com uma boa canetada de sua Mont Blanc, o senhor Ricardo Terra Teixeira subjugou novamente os clubes, afagou os dirigentes e conseguiu, de uma vez por todas, a fidelidade política desses, já que a dependência financeira ele já tinha. Assim, a seu bel prazer, o dirigente-mór desta nação faz o que bem entende da "paixão nacional", sem ao menos tentar entender o que significa o futebol e suas regras. Ricardo Teixeira, assim como seu sogro João Havelange sempre fez, enxerga tudo aquilo como um negócio, uma grande chance de conseguir muitos milhões, mas, para isso, ele precisa de apoio dos clubes. E isso, pode ter certeza, ele tem meios de conseguir. Hoje ele, de uma vez por todas, demonstrou que tem todos os clubes a seu dispor, sob sua batuta, obedecendo cegamente suas ordens. Afinal, quando em apenas um dia houve tantos títulos nacionais comemorados ?. Vida eterna ao Teixeira ! Viva, Viva !


       É claro que os dirigentes fazem sua parte para conseguir, agora para eles, o apoio dos associados e dos torcedores. E essa é outra tarefa muito simples de ser realizada. Após a gloriosa canetada de Ricardo Teixeira, os Presidentes dos Clubes trataram de arrumar faixas pré-prontas de Campeões Brasileiros, visando assim conquistar a simpatia do torcedor, ilustre ou não, para sua gestão, para o que for decidido, desviado e subtraído durante o seu tempo no poder. Não interessa aos Clubes, e aos seus dirigentes, que o Futebol se fortaleça, que as decisões sejam efetivamente tomadas pelos clubes no tocante ao pagamento de cotas de TV ou de modernização dessa estrutura viciada. Pouco importa se eles unissem forças, fizessem mais pressão as coisas seriam mais vantajosas, principalmente para o esfolado torcedor.


      Quanto ao torcedor brasileiro, resta a pena, a compaixão e, pessoalmente, o desprezo. Já se disse que no Brasil não se gosta de futebol, e sim dos seus clubes. É notório que o torcedor brasileiro é ignorante quando o assunto é futebol, por opção ou não. Alimentados pelos dirigentes, pela TV e pelo grande Ricardo Teixeira, o espectador de futebol não consegue entender que a rivalidade não significa odiar o outro clube, ter desejo de matar o torcedor de outro clube. Foi comprovado que o futebol é considerado válvula de escape para a massacrante rotina do brasileiro, que ganha pouco e trabalha muito e todas as outras agruras que são ditas a toda hora. A derrota do seu time é motivo para um ódio mortal e, se houver chance, esse ódio se transforma em violência no estalar de dedos, e temos assim a "Guerra Campal" e a "Guerra de Torcidas". O sentimento de pena deve ser direcionado a esse cidadão que, agora, estupidamente, vai celebrar um título que já foi celebrado, e adorar a CBF.


     Os títulos já existiam, a sensação de campeão nacional já era presente. Não havia necessidade de se curvar aos desejos da CBF e agora achar que está valendo por que o Teixeira falou. Oras, torcedor Santista, Palmeirense, Alvinegro e todos os outros "agraciados", vocês já não sabiam que a Taça Brasil e o "Robertão" podiam ser considerados títulos nacionais ? Sobre isso já foi falado em post anterior, assim como a existência de dois campeões brasileiros oficiais em 1987. Aliás, do jeito que foi feita a unificação, em 1967, 1968 e 1969 temos dois campeões brasileiros. que curioso, não ?

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