segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Evolução. Até que ponto ?


            A conversa entre Paulo Vinícius Coelho, Paulo Calçade e o professor Fernando Calazans trouxe a tona uma boa constatação: as partidas do Campeonato Brasileiro estão realmente evoluindo de uma maneira que, sem dúvidas, são melhores do que muitas nos principais campeonatos europeu. Isso é ótimo, por um lado, e perigoso por outro.


          Corroborada pelas decisões de Neymar, Ganso e Lucas em permanecerem no Brasil pelo menos até o final do ano, ou final de temporada por aqui, essa assertiva se prova per se. É claro que não se pode falar que o futebol brasileiro evoluiu tanto que é o melhor do mundo, com o melhor e mais disputado campeonato em alto nível. Imaginar isso é de um pachequismo e de uma cegueira sem tamanho. Todavia, é bom assumir que realmente o mercado brasileiro está muito mais forte do que era anteriormente, e a permanência desses jogadores comprovam.


       Aparentemente, o salários estão altos, o dinheiro não falta e, principalmente, o prestígio e a idolatria que esses jogadores adquiriram por essas terras são os mais importantes fatores. Adiciono aqui o mimo e a exposição que esses jogadores, principalmente Neymar, têm por aqui em suas torcidas e mesmo nas adversárias é mais decisivo do que os outros motivos. Por exemplo, no Brasil, Neymar é o rei, a autoridade maior do futebol, a quem todos temem e respeitam. As crianças o imitam e os jovens o adoram, com seu cabelo e dribles. Entretanto, se ele for para o Real Madrid agora, estará se tornando apenas mais um na corte merengue de Cristiano Ronaldo. É incotestável que Neymar colocaria Di Maria no bolso assim que se adaptasse ao não tão difícil futebol espanhol, mas por lá, ele não manda, não dá pitaco, não tem opinião.


       Se compararmos os jogos do BR-11 com, por exemplo, todos os jogos da Lega Calcio, exceto o Derby della Madoninna, com certeza as partidas nacionais serão melhores. Se você pensar em La Liga, tirando, é lógico, Él Clasico, também não é muito diferente. Eredivisie nem se fala. A grande diferença se faz presente quando se compara o BR-11 com a temporada passada de English Premier League ou com a Bundesliga. São jogos muito melhores e interessantíssimos, mesmo quando o Tottenham está em campo, certo, Alcysio ? Ir para a Europa, no momento, não parece tanta vantagem, apesar de que, taticamente falando, ainda existe uma cratera de diferença.


     O lado ruim disto se dá na Seleção Brasileira. Com as principais peças permanecendo por aqui, neste futebol sem ordem tática qualquer, as coisas ficam muito mais fáceis para quem não tem tanto talento individual, mas é aplicado taticamente de uma maneira que não se ensina no Brasil. As seleções paraguaia e a campeã Celeste Olímpica são exemplos claríssimos.


      Com essa situação em pauta, fica a dúvida suscitada pelos jornalistas. Será que o momento do futebol brasileiro, que engatinha para uma evolução, vai ser benéfico também para a SeleCBF ? Logicamente que os melhores jogadores continuarão a ser exportados muito cedo, e retornarão em fim de carreira, contudo, permanecer no Brasil por mais um tempo se mostrou mais vantajoso. Pelo menos por enquanto.

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