Algo impensável no Brasil acontece em dois grandes centros do Futebol Mundial. Os jogadores de futebol de clubes grandes e pequenos se uniram e decretaram greve tanto na Espanha quanto na Itália. em La Liga, a primeira rodada do Campeonato foi toda adiada e a segunda ainda corre risco de não acontecer. Na Serie A, a primeira rodada, marcada para este final de semana, corre sério risco de não acontecer também. Alguns comentários devem ser feitos.
- Espanha
O sindicato de Jogadores (AFE, Associación de Futbolistas Españoles) e a Liga Espanhola (LFP, Liga de Fútbol Profesional) já realizaram inúmeras reuniões, mas ainda não chegaram a um consenso. A AFE, presidida por nada mais, nada menos do que Iker Casillas, arqueiro de "La Roja" e do Real Madrid, reivindica uma maior proteção para os salários dos jogadores em clubes que estiverem sob intervenção financeira. Acontece que lá, onde a maioria dos clubes é uma SAD (Sociedad Anónima Deportiva), uma empresa por força de Lei, os recursos financeiros são polarizados entre Real Madrid e Barcelona e pouco sobra para as outras 18 equipes participantes da primeira divisão espanhola.
Assim, quando um dos clubes entre em processo de falência, aplica-se a Lei Concursal, que, além de outras medidas, permite a empresa congelar os gastos futuros, o que incluiria os salários dos jogadores. O que a AFE exige é a alteração da legislação aplicada, prevalecendo a Lei Esportiva. Além disso, está em discussão também o adimplemento dos salários já atrasados, visto a quantidade de calotes aplicados nos jogadores espanhois por seu clubes em franca decadência. Vale ressaltar a participação dos atletas de Real Madrid, Barcelona, Málaga e Athletic Bilbao nas negociações.Além de Casillas, Xabi Alonso, Puyol, Llorente e Cazorla estiveram presentes na última reunião.
- Itália
Pelas bandas da bota, a ameaça de greve já é antiga, e ganhou, com a crise econômica, mais um ingrediente. Na temporada passada, O Sindicato de jogadores (AIC, Associazone Italiana Calciatore) já ameaçou um greve na temporada passada, mas não funcionou. A principal reclamação é a possibilidade de um clube obrigar a atletas em último ano de contrato a aceitar uma transferência ou, caso se neguem a sair, são colocados para treinar separadamente do grupo, para "pensar melhor no que fez". Se isso já não era ruim o bastante, acrescente que na Itália não há regra para contrato de jogadores profissionais, e que o contrato coletivo, datado de 2010, já se encerrou. Assim, os capitães de todas as equipes, incluindo Milan, Inter, Roma e Juventus, assinaram uma carta pública exigindo a negociação de um novo contrato coletivo, mais vantajoso para os jogadores.
Como se não bastasse, a crise econômica atingiu em cheio a Itália, o que fez o Primeiro Ministro Silvio "il Cavaliere" Berlusconi aprovar um pacote de arrouxo tributário. Assim, quem tem ganhos acima de uma faixa determinada pela Lei, terá um aumento na carga tributária. Adivinha quem foram atingidos em cheio? Exatamente, os jogadores. Adriano Galliani, um amor de pessoa, já avisou que não serão os clubes que arcarão com essa conta, aumentando mais um pouco os salários dos jogadores, a camada dos mimados na Itália.
Percebe-se que até o futebol europeu tem seus problemas cabeludos. Mas, o que dá pra notar nos dois casos é que os jogadores profissionais são muito mais conscientes de seu poder e da sua força quando estão juntos. Os jogadores de Madrid e Barça poderiam dar de ombros para as demandas de seus companheiros dos clubes menores, mas estão lá, reforçando as fileiras dos grevistas. Na Itália, os jogadores se uniram para defender seus direitos básicos de trabalho e livre arbítrio.
Enquanto isso, no Brasil, a única coisa que une os atletas profissionais do esporte nacional é o João Sorrisão. Deve ser por isso que Dr. Sócrates passou tão mal.
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