terça-feira, 25 de outubro de 2011

Unidimensionalidades

          Irei falar sobre o Arsenal hoje, mas não conta pra ninguém não. Quer dizer, a não ser que você ache meu texto a coisa mais maravilhosa de todos os tempos, aí pode contar sim.

          Como eu não gosto de encher muito o site da Arsenal Brasil com coisas específicas, acho melhor mesmo escrever por aqui e ajudar o Rodrigo a comprar seu Rickenbacker 4003.
           Ao assunto então. O Arsenal da temporada passada e, principalmente, de dois anos atrás, era idealizado para que a bola passassse o máximo de tempo possível nos arredores da área, por isso no esquema idealizado pelo Wenger, Nasri e Arshavin eram os jogadores de lado de campo. Essencialmente meias abertos que traziam qualidade ao passe e asseguravam a melhor retenção da bola, além de trazerem uma capacidade de triangulações rápidas que jogadores de menos habilidade técnica não tentariam.Tudo isso foi pensado para tirar o máximo possível da visão e distribuição de Fàbregas.
           Por isso Walcott, quando fazia suas aparições parecia tão letal, seu pensamento primário nunca era fazer a bola voltar a rodar pelo centro, mas sim se mandar para a ponta e tentar bater seu marcador na boa e velha velocidade. Com ele em campo, o Arsenal parecia um time com um ataque tridimensional.

           Na atual temporada, com a saída de vários jogadores e a submergência do que restava de regularidade em Arshavin, Wenger resolveu por errar pelo outro lado - agora o Arsenal possui apenas jogadores que vão à linha de fundo tentar bater seu adversário na velocidade e possuem uma capacidade de troca de passes incisivos no terço final adversário muito diminuída.
           Essa bidimensionalidade é igualmente prejudicial ao futebol do time, se no primeiro esquema o centroavante parecia um incompetente, nesse o meio campo é que parece ser composto por totais incapazes.

            Por mais que os jogadores de meio atuem bem, como foi o caso na partida contra o Stoke, onde Ramsey fez uma grande atuação e Arteta apresentou um futebol sólido, eles ainda parecem desconectados das jogadas de ataque pela maior parte do jogo. A ausência de um meia que caia pelos lados do campo torna o time por demais verticalizado e impaciente.
           Quem vê esses tipos de erro de formação de elenco, qualidade dos jogadores à parte, já que isso renderia um tratado, deve pensar que Arsène é um técnico bobo. Nem parece que foi com Pirès e Ljungberg que o seu reinado em Islington viu seus melhores dias.

Como já dizia a minha avó e, provavelmente, todos os nutricionistas do mundo, tudo em excesso faz mal.

Previsibilidade em um esporte onde os espaços são cada vez mais exíguos faz mais mal ainda.

Nenhum comentário: