domingo, 27 de março de 2011

Da adaptação

            
          A declaração do Lucas do São Paulo sobre a ao que tudo indica lamentável ofensa racista à Neymar me fez parar para pensar sobre o óbvio tema abordado inúmeras vezes e de maneira mais detalhada analizado pelo excelente Lúcio de Castro - Quem são esses jogadores que formamos como seres humanos?


            São garotos que, segundo reportagens do acima citado jornalista, vivem em condições sub humanas nos centros de treinamento de jogadores de base, tratados como bichos e cobrados por resultados desde uma tenra idade sem receber auxílio algum na parte emocional e educacional desses clubes.


           Jovens que mal integrados à sociedade brasileira são, vivendo nesses pequenos campos de concentração, são alimentados por seus empresários com sonhos de aventuras européias, onde ele irá ganhar muito dinheiro e poderá ter tudo que que sempre sonhou-um carrão, uma mulher bonita, enfim.


          E são criadas essas pessoas vazias de personalidade que não possuem muito traquejo social e nenhum arcabouço cultural, pessoas que são exportados para países culturalmente díspares do nosso, com outra língua e uma expectativa de conduta diferente das que esses apresentam no Brasil.Não se toleram atos de estrelismo ou desejo por mimos nas ligas européias em geral.


          E faz frio, e as pessoas não são tão abertas a ajudar um estrangeiro que nem a língua deles fala, que por vezes (sim, Robinho , você) sequer entende o conceito de grupo e futebol coletivo.Na Europa, poucos elencos tem aquele conceito de família tão difundido na terra brasilis.Mesmo os que tem jogadores unidos, que são amigos fora do campo e saem juntos, os excluídos sempre são os que não se esforçam muito para se enturmar, sendo o Arsenal um bom exemplo disso - o atual elenco é extremamente unido e o Denílson em entrevista a www.arsenalbrasil.com.br disse ter contato verdadeiro apenas com o mexicano Carlos Vela, que sequer integra o elenco gunner nesse momento, vez que cumpre empréstimo junto ao West Brom.


          São pedaços de carne a serem explorados e exportados. O que acontecer depois do grande empresário ganhar sua gorda fatia de euros será sempre visto como culpa exclusiva de um ser que muitas vezes não é mais do que um menino acuado.


          Notem que os maiores exemplos de sucesso de brasileiros na Europa agora está na defesa e que boa parte dos que brilham nas principais ligas, fizeram seus estágios em ligas menores.Cada vez menos o grande clube europeu aposta num menino que vem diretamente do brasil

3 comentários:

Alcysio Canette Neto disse...

pra quem não leu nem ouviu ele disse sobre a banana " A europa é um país de primeiro mundo, não devia ter coisa assim aqui"

Valverde disse...

Muito bom texto. É interessante observar como clubes investem quantias milionárias em jogadores, e depois se recusam a investir alguns milhares para a adaptção - moradia, emprego pra esposa, ensino de uma língua nova e etc - ao novo local de trabalho.

Moraes disse...

O legal é que a declaração do próprio Lucas "A europa é um país..." confirma a tese de que o material humano é cada vez pior.