quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Os atacantes aquém das expectativas

           Esse é o primeiro texto de Luís Mendes para o MdC. Sério feito o cão, é mais um rossonero a contribuir. Leiam, e comentem !

Fonte: goal.com
        Sempre que alguém tenta fazer uma lista dos atacantes brasileiros que estão em destaque na Europa, Pato, Hulk e Robinho aparecem. Diferentemente do atacante do Porto, os jogadores milaneses surgiram como grandes promessas, nomes que chegariam ao posto de melhor do mundo. O tempo passou, e a dupla do Milan perdeu o encanto de outrora, ficando aquém do esperado.


Pato, o sucessor da 9



Pato apareceu diante do Palmeiras, deixando um gol e dando passe para outro de Iarley. Meses depois, o jovem fazia embaixadinhas com o ombro no Mundial de Clubes, marcando na semifinal. na temporada seguinte, o atacante treinava na Itália, esperando idade para atuar no Calcio.



           Em alguns jogos do Milan, Alexandre já justificava o seu investimento, com gols decisivos e talento indiscutível. No entanto, com o tempo, o brasileiro perdeu espaço no time, caindo de rendimento, sofrendo com lesões, deixando a desejar para os fãs rossoneri.
Fonte: goal.com
          Atualmente, Pato é reserva no time de Allegri. Sem as mesmas atuações de outras temporadas, sofrendo com um corpo que não acompanha, o atacante já não corresponde às expectativas do início de sua carreira.
            Na seleção, o camisa 9 perdeu espaço para Leandro Damião e Fred, como centroavante principal. No Milan, Pato atua esporadicamente, mas alterna boas atuações com “sumiços” dentro de campo.

             Contra o Barça, Pato mostrou o motivo de tantas expectativas ligadas ao seu nome. Com uma arrancada do meio campo, o jogador deixou para trás todos os defensores do maior time do mundo. Porém, no Calcio, Pato já passou jogos inteiros sem chegar perto do gol, sem mostrar reação.


Vale a pena manter

              Alexandre Pato caiu em desgraça com o público brasileiro pelo seu desempenho com a camisa amarela da Seleção. Seu excessivo número de lesões cria desconfianças para os torcedores do Milan. Os excelentes números do atacante, porém, dão um indício que se desfazer dele não vale a pena.




Pato chegou ao Milan em 2007. Recebeu o prêmio de melhor jovem do ano na temporada 2008/09, sua melhor pelo Milan. Fez 18 gols em 42 jogos pelo clube. Também foi a temporada que fez mais jogos. Nas demais, não chegou a 40. Em 2009/10, fez 14 gols em 30 jogos. Em 2010/11 fez 16 gols em 33 jogos. Na atual temporada, tem três gols em 12 jogos.


             São 137 jogos, com 60 gols marcados. Portanto, tem média de 0,44 gol por jogo. Se não é espetacular, é muito boa. Andriy Shevchenko, segundo maior artilheiro da história do Milan com 175 gols em 322 jogos, tem média de 0,54 gol por jogo, pouco mais que Pato.



              O terceiro maior artilheiro do clube é Gianni Rivera, com 164 gols em 658 jogos, média de 0,25 gol por jogo. O sexto é Filippo Inzaghi, com 125 gols em 294 partidas, média de 0,42 gol por jogo. Média parecia com Pato. E, nesse caso, há outra semelhança: Pato costuma marcar contra adversários grandes. Algo que Pippo se acostumou a fazer durante a carreira.


              Marcou em jogos contra o Real Madrid (2 vezes no Santiago Bernabeu na UCL 2009/2010), Barcelona (1 gol no Camp Nou na UCL 2011/2012) e contra a arquirrival Internazionale (5 jogos oficiais e 3 gols). Novamente: não é um jogador brilhante, mas tem uma eficiência interessante ao time.


              É bom lembrar também que Pato tem 22 anos, o que lhe dá ainda muito tempo para jogar e aumentar as marcas que possui. Mantendo a sua média de gols e de jogos por temporada, Pato chegaria aos mesmos 175 gols do ucraniano quando estiver com 30 anos – ou seja, daqui oito temporadas. A marca seria alcançada com 76 jogos a mais do que Shevchenko, porém mais novo, já que foi ao clube rossonero com menos idade.
     Pato poderia melhorar ainda mais sua marca se conseguir ter menos lesões e, consequentemente, jogar mais. Dificilmente o camisa 7 será um dos melhores do mundo a partir do que se viu até aqui, o que gera uma certa frustração em quem o viu surgir no Internacional, em 2007, sendo um garoto prodígio. Ainda assim, pode ser um jogador histórico do Milan e pode ser importante para a Seleção também.
          A não ser que a proposta do Paris Saint-Germain seja de fato algo fora do normal, o Milan não deveria deixar Pato sair. Embora jogue menos do que poderia, é um jogador eficiente e que pode ser fundamental para o time.


Robinho, o talento da Vila



              Robinho encantou o Brasil com suas pedaladas à frente de Rogério. Logo, o mundo já via o menino da Vila mostrando seu talento ao lado dos galácticos merengues. Porém, após perder espaço no Real, o promissor atacante partiu para Inglaterra, mês não obteve sucesso. No Milan, o “representante do futebol arte brasileiro” deixou de atuar como um homem de frente.

Fonte: R7

             Como meia, Robinho não parte mais para cima da marcação, não encanta por seus dribles inesperados. Na Europa, aos poucos, o ex-santista perdeu a “magia” de seu futebol, sendo apenas mais um no grupo milanês.
          Quem assiste ao meia Robinho ainda enxerga habilidade com a bola, mas não consegue encontrar a mesma ousadia dos tempos de Vila. O brasileiro recebe, toca, tem boa movimentação, mas, mesmo quando atua ao lado de Ibra, não é mais “o rei das pedaladas”.


A chance ainda existe

          As lesões, a vida extracampo, a falta de raça são fatores que atrapalham as atuações dos atacantes brasileiros no Milan, porém, em alguns momentos, a falta de gana parece ser o fator decisivo para o desperdício de talento da dupla milanesa. Pela falta de futebol dos brasileiros, o Milan busca mais um atacante, insistindo em Tévez, apesar dos percalços impostos pelo City.

Neste momento, Pato precisa superar os problemas físicos, retomando o futebol do menino que ousou levar a bola com o ombro em um Mundial de Clubes. Com suas arrancadas e o seu faro de gol, o atacante pode ser mais do que é atualmente.

Robinho não precisa retomar as pedaladas da época santista, mas, como meia, pode ser mais ousado, mais criativo. Atuando pelos lados ou como ponta no losango de Allegri, a característica ofensiva do já veterano atleta não pode ficar para trás. Se o tempo fez a memória esquecer a ousadia dentro do campo, basta olhar para a Vila Belmiro novamente para relembrar.

Pato e Robinho são bons jogadores, mas estão em um nível aquém daquele projetado no início de suas carreiras. Em um grande europeu, líder do Italiano, os brasileiros ainda tem tempo para retomar o futebol que deixaram pelo caminho.

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