sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Empate no San Siro e doppietta de Inzaghi. O velho Milan fez a diferença.

            Noite em San Siro e os maiores campeões da UCL voltaram a se encontrar, pela segunda temporada seguida. O Real Madrid ostentando todo seu time de estrelas e ótimas peças, tanto titulares quanto para reposição, com Mourinho no banco de reservas e o indefectível patch em seu uniforme, contando a história de seus 9 títulos. Mais do que favorito, apostar na vitória do Blancos pagava muito pouco nas casas de apostas. Mesmo que o jogo fosse em Milão, antiga casa do "Special One", que teve uma recepção mais do que calorosa pelos interistas no aeroporto e fora de San Siro, a certeza de que o Real Madrid dominaria o jogo e procuraria o ataque, não negando sua principal vocação, pairava nas arquibancadas e em todos os corações milanistas.

           O Milan era o de sempre, com os problemas que persistem desde o título da UCL 2006/2007: a falta de laterais confiáveis, a idade avançada de seus jogadores e o deserto de criatividade que se tornara o meio campo ofensivo da equipe vermelha de Milão. Em campo, Abate na lateral direita e o cadáver ambulante Zambrotta no flanco canhoto foi o sinal de que as avenidas estariam abertas. A notícia boa era a presença da segurança em pessoa na zaga milanista: Thiago Silva, que combina perfeitamente com o já cascudo Nesta estava em campo. Na meia cancha, Boateng, Pirlo e o capitão Gattuso fechariam, ou tentariam fechar o caminho até o gol de Abbiati e, a pedido de Berlusconi e por causa de uma possível reclamação de Ronaldinho através da imprensa italiana, este estava de volta a sua ponta esquerda, pronto para ser o cone de sempre, tendo Pato e Ibra ao seu lado no "tridente" desdentado.

           As 76.357 pessoas que pagaram para ver este Clássico foram agraciadas com, até os 33 minutos de jogo, 14 finalizações, sendo 11 do time espanhol, que se postou taticamente perfeito com seus homens de frente e volantes (Khedira e Alonso, tendo Di Maria, C. Ronaldo, Özil a frente e Higuaín no ataque), não eram marcados como deveriam e o lateral Marcelo ganhava todas sobre Zambrotta, até porque, ao contrário do Real Madrid, os homens de frente do Milan, sem a bola, não voltam para marcar. A equipe de branco dominava e, quando perdia a bola, era visível para qualquer um o buraco existente entre a defesa e o ataque milanista, o que fez Thiago Silva e Nesta abusarem das tentativas de ligação direta. O resultado prático disso foi a jogada em que, após batida de escanteio, Pirlo salvou a pátria milanista duas vezes, de cabeça, em chances de Higuaín e Di Maria. A chance, única, de gol do Milan surgiu quando algum caboclo baixou em Ronaldinho Gaúcho, que, valtando um pouco ao centro, deu uma cavadinha e achou Ibra partindo em direção ao gol. O atacante Sueco encobriu Casillas, mas a bola foi para fora.

          O Real Madrid abriu o placar no San Siro aos 45 minutos, com Higuaín, após passe em diagonal direita-esquerda do argentino Di Maria. Bola na rede e silêncio em Milão. Na segunda etapa, o jogo seguiu o mesmo ritmo, com Cristiano Ronaldo e Di Maria comandando o domínio Madridista e o Milan olhando o jogo. O peso morto Zambrotta continuava a perder todas para Marcelo, no lado esquerdo. enfim, aos 59 minutos de partida, Allegri fez o que devia ter feito: tirou o improdutivo Ronaldinho Gaúcho e, apesar de todos os narizes torcidos, colocou o menino Pippo Inzaghi, com seus 37 anos em campo. 

        O que se viu então foi épico. A primeira falha do time branco aconteceu com o zagueiro Pepe que furou a bola, perdeu para Ibra que, do lado esquerdo da área, deu um "chutamento" (quando nem ele sabe se chutou ou fez um lançamento) para o meio da área. A segunda falha foi do ótimo goleiro Casillas, que se adiantou para tentar interceptar a bola, mas acabou saindo dela, tocando com a ponta dos dedos e ela subiu. Nesse momento, duas estrelas brilharam ao mesmo tempo em San Siro, quando o sempre iluminado Pippo Inzaghi cabeçou a bola para dentro do gol e fez Allegri ver a sua brilhar também. Jogo empatado e o que se percebeu é que o atacante veterano deu muito mais movimentação do que o Gaúcho, 7 anos mais jovem do que ele. Aos 71 minutos, Ambrosini entrou no lugar de um inexistente Pato. Aos 78 minutos, o histórico Gattuso, que jogou muitíssimo bem, mas sozinho, recebeu passe na direita e cruzou por sobre a zaga Madridista. Inzaghi, em clamoroso impedimento, aproveitou a demora de Casillas para sair do gol e virou o jogo. A arbitragem errou feio, e muito, mas Deus perdoa, Inzaghi não. Marcou seu 70 º em competições da UEFA, igualando-se a Raul, ex-Madrid.
        
          Mas, todo conto de fadas tem fim, e nem sempre é feliz. Aos 85 minutos, Mourinho saiu de seu banco, substituiu o zagueiro Pepe pelo atacante Pedro León e, mais uma vez, mostrou que sua competência é inegável. Após cruzamento mal cortado pela zaga do Milan, Benzema, que entrara aos 76 minutos, deu passe para o mesmo Pedro León chutar, rasteiro, por baixo das pernas de Abbiati. O Madrid empatou o jogo novamente e assim terminou, 2 a 2. Com 10 pontos, "Los Blancos" continuam, além de invictos desde abrilMilan, que alcançou 5 pontos com esse empate, garante a segunda colocação. 

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