Dia 14 de novembro de 2010 era um dia circulado, sublinhado e em negrito no calendário de qualquer milanista ou interista. É o dia di primeiro Derby de Milão da temporada, com mando de campo da metade azul da cidade. Assim, o amado San Siro recebe seu nome de fato, Giuseppe Meazza, e é ocupado, em sua capacidade máxima, por 70 % de torcedores da "Biscione", atual campeã de tudo. Mas, na verdade, o que se viu em campo foi um time interista desorganizado, com quatro zagueiros em campo (Córdoba, Lúcio, Materazzi e Chivu), três volantes (J. Zanetti, Stankovic e o jovem Obi), um trequartista apagadíssimo no jogo (Sneijder) e dois atacantes de fato, Eto'o e Milito. O esquema remetia a Internazionale 2008/2009, de Mourinho. Mas o futebol praticado pelo time de Benítez em nada lembra o de outrora.
No Milan as preocupações eram os desfalques de peças importantes, Pato e Inzaghi, além de Pirlo que estava voltando de lesão, mas a disposição no banco. Outro assunto era Ronaldinho Gaúcho que, a meu ver, foi corretamente deixado no banco de reservas, perdendo a vaga para Seedorf como "enganche" ou meia de ligação. A zaga era a titular e seguríssima Nesta e Thiago Silva, cada vez melhor. Nas laterais, Abate fez um bom jogo até ser infantilmente expulso e o "morto muito louco" Zambrotta não comprometeu muito. Gattuso, Ambrosini e Flamini completavam o meio campo e no ataque Ibrahimovic e Robinho. Os "rossoneri" vinham de bom resultado contra o Palermo na última rodada e buscavam volta a liderança da Lega Calcio, visto que a Lazio venceu a Napoli em jogo pela manhã.
O jogo foi, como deve ser sempre, nervoso e tenso. A Internazionale não se achava, graças a péssima atuação de Sneijder, que perdeu a disputa do "melhor camisa 10 holandês" com Seedorf, e a boa atuação dos volantes milanistas, destaque para Gattuso que sempre vem babando em todas as divididas. O Milan esperava a Inter chegar perto da área, dificultava a entrada dela e roubava a bola, ligando o contra-ataque rapidamente, para surpresa de quem esperava que Slowdorf fosse dar um tom sonolento na criação milanista. Ao contrário e, num desses contra golpes, aos 4 minutos de jogo, um passe preciso do camisa 10 do Milan chegou aos pés de ibrahimovic que arrancou para dentro da área do goleiro Castellazzi. Córdoba até acompanhou o pique, mas quando Ibra deu um corte para dentro, a única imagem que veio foi Materazzi chegando feito um Touro desgovernado, dando um carrinho e levando ao chão tanto o atacante do Milan quanto o defensor da Internazionale. Pênalti, de verdade, bem marcado e convertido pelo camisa 11 milanista. Vantagem para o time que melhor jogava, e que continou assim até os 30 minutos de jogo.
Aos 35 minutos, Obi sentiu lesão e foi substituído por Coutinho, na Inter. Com isso, a atual campeã italiana voltou ao esquema de Mourinho, o 4-2-3-1, com Samuel Eto'o no lado esquerdo, Sneijder pelo centro, Coutinho na esquerda e Milito no ataque. A mudança até surtiu efeito por um tempo, mas a Inter tinha muitas dificuldades para entrar na área do goleiro Abbiati e não arrematava de fora da área com precisão. Bom para o Milan que diminuiu o ritmo da partida e tocava mais a bola, tentando manter o máximo possível da posse.
No segundo tempo, aos 59 minutos, o lateral direito do Milan, o menino Abate, arrumou confusão com Pandev, que entrou no lugar do contundido Milito e foi infantilmente expulso, manchando um boa atuação no Dérbi. As reações de Benítez e Allegri foram quase imediatas. O técnico interista sacou Materazzi, que se contundiu seriamente após dividida com Ibra, e colocou Biabiany em campo, enquanto o técnico da Milan sacou Robinho e coloco Antonini na lateral esquerda, jogando Zambrotta para a direita e deixando Ibra sozinho no ataque. O que se viu a partir daí foi uma incompetência incrivel da Internazionale para atacar, com efetividade, e entrar na área milanista e uma atuação primorosa dos volantes do time vermelho de Milão e algumas boas jogadas de contra-ataques desperdiçadas por excesso de confiança e ar blasée de Ibrahimovic, que poderia ter marcado mais dois gols, pelo menos.
Fim de papo, fim de jejum de vitórias do Milan nos clássicos de Milão. A Internazionale amarga a 5ª posição da Lega Calcio, com um retrospecto de 4 jogos sem vencer, entre Serie A e UCL, e um futebol de doer, ruim demais. Os torcedores do Milan podem comemorar a liderança na luta pelo Scudetto, com 26 pontos, um a mais que a Lazio de Hernanes.
A justiça vermelha foi feita tanto no quesito futebol, muito melhor apresentado pelo Milan e pela Fórmula 1, onde a Ferrari, com um carro inferior, quase leva o título da Red Bull, agora tão amada dos brasileiros e da TV hegemônica. os chamados "brasileirinhos" regozijam-se tolamente.
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