segunda-feira, 15 de novembro de 2010

No Derby della Madoninna, a Justiça Vermelha.


            Dia 14 de novembro de 2010 era um dia circulado, sublinhado e em negrito no calendário de qualquer milanista ou interista. É o dia di primeiro Derby de Milão da temporada, com mando de campo da metade azul da cidade. Assim, o amado San Siro recebe seu nome de fato, Giuseppe Meazza, e é ocupado, em sua capacidade máxima, por 70 % de torcedores da "Biscione", atual campeã de tudo. Mas, na verdade, o que se viu em campo foi um time interista desorganizado, com quatro zagueiros em campo (Córdoba, Lúcio, Materazzi e Chivu), três volantes (J. Zanetti, Stankovic e o jovem Obi), um trequartista apagadíssimo no jogo (Sneijder) e dois atacantes de fato, Eto'o e Milito. O esquema remetia a Internazionale 2008/2009, de Mourinho. Mas o futebol praticado pelo time de Benítez em nada lembra o de outrora.
         No Milan as preocupações eram os desfalques de peças importantes, Pato e Inzaghi, além de Pirlo que estava voltando de lesão, mas a disposição no banco. Outro assunto era Ronaldinho Gaúcho que, a meu ver, foi corretamente deixado no banco de reservas, perdendo a vaga para Seedorf como "enganche" ou meia de ligação. A zaga era a titular e seguríssima Nesta e Thiago Silva, cada vez melhor. Nas laterais, Abate fez um bom jogo até ser infantilmente expulso e o "morto muito louco" Zambrotta não comprometeu muito. Gattuso, Ambrosini e Flamini completavam o meio campo e no ataque Ibrahimovic e Robinho. Os "rossoneri" vinham de bom resultado contra o Palermo na última rodada e buscavam volta a liderança da Lega Calcio, visto que a Lazio venceu a Napoli em jogo pela manhã.
         O jogo foi, como deve ser sempre, nervoso e tenso. A Internazionale não se achava, graças a péssima atuação de Sneijder, que perdeu a disputa do "melhor camisa 10 holandês" com Seedorf, e a boa atuação dos volantes milanistas, destaque para Gattuso que sempre vem babando em todas as divididas. O Milan esperava a Inter chegar perto da área, dificultava a entrada dela e roubava a bola, ligando o contra-ataque rapidamente, para surpresa de quem esperava que Slowdorf fosse dar um tom sonolento na criação milanista. Ao contrário e, num desses contra golpes, aos 4 minutos de jogo, um passe preciso do camisa 10 do Milan chegou aos pés de ibrahimovic que arrancou para dentro da área do goleiro Castellazzi. Córdoba até acompanhou o pique, mas quando Ibra deu um corte para dentro, a única imagem que veio foi Materazzi chegando feito um Touro desgovernado, dando um carrinho e levando ao chão tanto o atacante do Milan quanto o defensor da Internazionale. Pênalti, de verdade, bem marcado e convertido pelo camisa 11 milanista. Vantagem para o time que melhor jogava, e que continou assim até os 30 minutos de jogo.
Ibra encara a torcida da Internazionale, após o gol.
        Aos 35 minutos, Obi sentiu lesão e foi substituído por Coutinho, na Inter. Com isso, a atual campeã italiana voltou ao esquema de Mourinho, o 4-2-3-1, com Samuel Eto'o no lado esquerdo, Sneijder pelo centro, Coutinho na esquerda e Milito no ataque. A mudança até surtiu efeito por um tempo, mas a Inter tinha muitas dificuldades para entrar na área do goleiro Abbiati e não arrematava de fora da área com precisão. Bom para o Milan que diminuiu o ritmo da partida e tocava mais a bola, tentando manter o máximo possível da posse.
Ambrosini eo apagadíssimo Sneijder
      No segundo tempo, aos 59 minutos, o lateral direito do Milan, o menino Abate, arrumou confusão com Pandev, que entrou no lugar do contundido Milito e foi infantilmente expulso, manchando um boa atuação no Dérbi. As reações de Benítez e Allegri foram quase imediatas. O técnico interista sacou Materazzi, que se contundiu seriamente após dividida com Ibra, e colocou Biabiany em campo, enquanto o técnico da Milan sacou Robinho e coloco Antonini na lateral esquerda, jogando Zambrotta para a direita e deixando Ibra sozinho no ataque. O que se viu a partir daí foi uma incompetência incrivel da Internazionale para atacar, com efetividade, e entrar na área milanista e uma atuação primorosa dos volantes do time vermelho de Milão e algumas boas jogadas de contra-ataques desperdiçadas por excesso de confiança e ar blasée de Ibrahimovic, que poderia ter marcado mais dois gols, pelo menos.
Thiago Silva em mais uma atuação magistral.
    Fim de papo, fim de jejum de vitórias do Milan nos clássicos de Milão. A Internazionale amarga a 5ª posição da Lega Calcio, com um retrospecto de 4 jogos sem vencer, entre Serie A e UCL, e um futebol de doer, ruim demais. Os torcedores do Milan podem comemorar a liderança na luta pelo Scudetto, com 26 pontos, um a mais que a Lazio de Hernanes. 
     A justiça vermelha foi feita tanto no quesito futebol, muito melhor apresentado pelo Milan e pela Fórmula 1, onde a Ferrari, com um carro inferior, quase leva o título da Red Bull, agora tão amada dos brasileiros e da TV hegemônica. os chamados "brasileirinhos" regozijam-se tolamente.

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