sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Quando o Futebol era divertido.

         
        Nostalgia, aqui estamos ! quando o futebol era divertido, quando da época dos seus pais meninos ou seus avós mais jovens, nessa época em que ele era um esporte e deveria representar a cultura e o folclore do seu povo e de seus praticantes, quando ele era o espelho da sociedade brasileira, com toda irreverência que lhe é devida desde então. Pois bem, alí o Futebol era divertido. Não apenas pelo descompromisso que ele era praticado e, nessa parte de forma condenável, administrado nesta terra brasilis, mas sim pela torcida e, principalmente, pelas escalações dos times, muitas vezes compostas não por nomes próprios como hoje, e muitas vezes nomes compostos, mas por apelidos impagáveis e sensacionais que bem definiam o esporte.

           Um exemplo dessa presença marcante dos apelidos, agora um pouco mais abandonados, é a escalação do Santos Futebol Clube no primeiro título de um garoto que, houvesse nascido na década de 90, talvez não recebesse o apelido que o fez famoso em todo mundo. O time era: Manga; Getúlio, Ramiro e Feijó; Urubatão e Zito; Dorval, Pagão, Jair da Rosa Pinto, Pelé e Pepe, tendo como técnico  Luis Alonso Peres, mais conhecido como Lula. Reparou ? uma pesquisa rápida vai mostrar que o goleiro Manga se chamava se chama Agenor Gomes, o Pagão, Paulo César Araújo e o mais novo do time se chama Édson Arantes do Nascimento. Ainda podemos citar, em exemplos mais recentes, temos Luiz Edmundo Lucas Corrêa, o Cocada, campeão brasileiro em 1983 pelo Flamengo, Roberto Dinamite, ídolo do Vasco da Gama, ou mesmo o tão admirado Zico.  Até a Seleção do Tetra tinha Dunga, Bebeto, Branco, Raí, Mazinho e Cafu, por exemplo.
Branco, Mazinho, Dunga, Bebeto e Zinho.
         Ainda haviam, quando os narradores e jornalistas queriam incrementar o folclórico futebol da diversão, os apelidos dos apelidos. Eram qualidades exaltadas em alcunhas sensacionais, como Ademir da Guia-  "O Divino", Jairzinho - "O Furacão da Copa de 70", Zico - "O galinho de Quintino" , Nilton Santos - "A Enciclopédia do Futebol", e tantos outros que qualquer pessoa que assista futebol e entenda um pouco liga rapidamente o tal "apelido composto" ao jogador.    
     
 
            Hoje em dia, o futebol anda tão profissionalizado e emburrado que os apelidos praticamente desapareceram. Tirando o caso do Alexandre Pato, por causa de sua cidade natal Pato Branco, e Paulo Henrique Ganso, pelo pescoço longuíssimo, não lembro de nenhum bom apelido que tenha vingado. Houve até troca de nomes esse ano, quando o Marcelinho jogava pelo SPFC e, no meio do BR-10, foi "apresentado" como reforço pelo tricolor paulista com o nome de batismo, Lucas. Funcionou e imprensa embarcou nessa também, até porque, apesar de bom jogador, o garoto não é nenhuma sumidade.  Os jogadores atualmente pedem para ter nome e sobrenome na camisa. Pode-se citar Diego Souza, Diogo Maurício, Thiago Silva, Marcelo Mattos, Lúcio Flávio, entre outros. Para exemplificar, a escalação do mesmo Santos Futebol Clube campeão da Copa do Brasil -10: Felipe; Pará, Edu Dracena, Durval e Léo; Arouca, Wesley e PH Ganso; Neymar, Robinho e André (Marquinhos), Técnico: Dorival Júnior. Convenhamos que Edu Dracena, Pará e Robinho não são apelidos lá muito criativos.
 
Apelidos ruins, comemorações péssimas.
        Não se sabe o que houve, honestamente. Se a imprensa deixou de se divertir com o Futebol ou o mesmo que deixou de ser divertido e passou a ser encarado com tanta seriedade que não há mais espaço para ingenuidade e folclore. 
Guilherme Negueba.
          Mas a motivação desse texto foi a jogador da base do Flamengo com o nome que facilmente, é o mais divertido nos últimos 5 ano: o menino de 18 anos Guilherme Negueba. Daqui a pouco os heróis do politicamente correto e do futebol moderno vão querer trocar o nome do rapaz, por ser potencialmente ofensivo e racista. Acho que, se isso acontecer, sentiremos mais saudades ainda do folclórico futebol de ontem e da vergonha na cara.

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