sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Fluminense: Quando o dinheiro pode atrapalhar.


            O Fluminense investiu pesado após o sufoco da temporada passada. O milagre aconteceu, graças aos gols de Fred e ao argentino Conca, e o tricolor carioca permaneceu na Série A para disputar o BR-10 e, a partir daí, o dinheiro da Unimed apareceu. Mantiveram Fred, com um aumento estelar, trouxeram um técnico mais que competente, Muricy Ramalho, trouxeram de volta o Washington (veja bem, não estou chamando de reforço), repatriaram Belletti, Deco e Emerson "Milk Sheik". Além, claro, de terem garantido a presença do Maestro Conca por mais uma temporada. Entretanto, essa quantidade de jogadores de renome, com estirpe e etiqueta, entrou num esquema que anuncia ser fadado ao naufrágio.
            Existe uma anomalia no time das Laranjeiras, causada pela mesma empresa que despeja essa montanha de investimento. Os jogadores mais caros, e mais rodados, são contratados e pagos pela Unimed, e o restante é pago pelo Fluminense. Acontece que às vezes o "time da Unimed" recebe em dia e os jogadores da folha de pagamento do Fluminense, além de receberem menos, estão com os pagamentos atrasados um, dois meses. Oras, isso, é óbvio, gera um tremendo desconforto e a tal queda de rendimento. Na verdade, os jogadores só fazem o que qualquer trabalhador normal faria: se não recebem, não trabalham direito. Agora, o problema é que isso atinge a "paixão do torcedor" medíocre e fundamentalista, que está pouco se lixando.
Quanto tempo ser ver essas figura juntas, hein ?
           E, para melhorar a situação do tricolor, muitos de seus medalhões já passaram do seu auge há tempos, estão em clara decadência física e técnica. Que o diga o próprio Deco, que chegou com pompa e circunstância, sucumbiu a maratona desumana promovida pelo calendário ridículo da CBF, que pouco liga para os clubes. Fred e Émerson, uma dupla de ataque que em forma, indubitavelmente, seria muito melhor do que Obina e Jonas, que até ano passado era o "pior atacante do mundo", vivem as voltas com contusões também, e o primeiro deu um piti e fez o clube demitir o chefe do departamento médico. Ah, claro, a seca de gols de Washington é de respeito. Até o momento, são 10 jogos sem marcar, ou seja, praticamente 1/3 do campeonato só fazendo figuração.
        Mas isso não é o mais grave. A falta de reconhecimento com o bom trabalho e regularidade atingiram a única peça do time que funciona, e muito bem. O camisa 11, Dario Conca, resolveu, como diz-se no botequim, jogar no ventilador. Comentar o salário dos outros não é educado, claro, mas, se o argentino bom de bola recebe realmente muito menos do que os citados medalhões, principalmente do que o "chinelinho" Fred, como a torcida agora o chama, é um injustiça sem tamanho.
           Conca é, desde que chegou ao Flu, o dono do melhor passe e da melhor visão de jogo e pode, facilmente, ser apontado o melhor jogador desta edição do Campeonato Braseileiro. Merece uma renovação rapidamente, e um aumento muito bom, mesmo que isso custe mandar alguns desses medalhões para longe. Perder ele, ou ele perder rendimento, é jogar fora o Campeonato, que está perto. Os dois gols de ontem confirmam isso.

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