domingo, 17 de outubro de 2010

Vitória inconstestável e o "Beijo de Judas"

         
           Nostalgia não é bem a definição, mas chega perto. Um time que apaixona à distância, e que alimenta essa adoração, muitas vezes, da pior maneira possível: há 3 temporadas sem título e com contratações muito discutíveis. Não importa, assim como para qualquer torcedor de um clube de qualquer lugar deste planeta bola, quando a situação atual é preocuopante, uma busca na memória por momentos de glórias e sorrisos aos montes e uma olhada com carinho para o escudo do lado esquerdo da camisa são suficientes para fazer ferver o sangue novamente. Sangue italiano, fundado por ingleses trabalhadores da indústria de Milão, e, como nessas coincidências incríveis, desde 1986 pertence ao "patrão" Silvio Berlusconi, o homem que trouxe de volta toda a força do lado vermelho do time da capital da Lombardia.

         Ver aquela camisa, com tanta história, sendo falsificada e utilizada por qualquer um que torça para outro time que tenha as mesmas cores, sem o menor conhecimento ou paixão, é uma das poucas coisas que deveriam ser terminantemente proibidas nesse mundão grande sem porteira. Não importa seu time, sua crença ou cor. Ter o mínimo de conhecimento sobre a camisa do clube que se veste deveria ser matéria básica no Ensino Fundamental, e, principalmente, se você pensa em comprar uma camisa Rossonera, pense duas vezes. Existem outros que ostentam, com tanto orgulho, as mesmas cores e estão mais perto. E se você for jogar em San Siro, e treinar em Milanello, veja em Gattuso e sua raça, Maldini e Baresi, as lendas da defesa, suas referências primárias. Faça por merecer o escudo, tenha honra.
         Ontem, sábado, o Milan encarou o Chievo Verona, em San Siro. O treinador da Seleção Brasileira, Mano Menezes, era o espectador ilustre. Queria ver seus jogadores de confiança, Pato e Robinho, e ainda ver mais uma ótima atuação de Ronaldinho Gaúcho, que realmente se aplicou e joga como Trequartista, e muito bem no esquema de Allegri. Alexandre Pato fez por merecer a camisa, a torcida e o número 7 que recebeu, herdado do lendário atacante ucraniano Shevchenko, marcou dois gols, ambos com ótimas assistências de Ibrahimovic, que vem provando ser imune a maldição da camisa 11 milanista. Ronaldinho Gaúcho está fazendo por merecer uma convocação e, pelo visto, será o substituto de PH Ganso no esquema do time de Mano, cabendo a ele a armação pela faixa central do campo.

         O jogo terminou 3 a 1, com ótima atuação também do goleiro Abbiati, camisa 32 do Milan, que evitou muitas vezes o empate da equipe do Chievo Verona. Bem, se você me perguntar, o terceiro gol rossonero surgiu de um passe de R80, e a camisa do Milan colocou para dentro, driblando o goleiro. A camisa 70, sozinha, e essa será eternamente a minha versão. Quem a veste não a merece, não deveria estar neste time. Robinho não é jogador para uma equipe com tanta história e importância. Toda essa revolta se explica pela atuação do "pedalada boy" desde que forçou sua saída do Santos em 2005.

        Toda a introdução era para explicar o seguinte: Não beije o escudo no lado esquerdo da camisa, se você for jogador, se não houver real paixão. Foi o que Robinho fez ontem, e o que fez em todos os outros clubes que passou. Não importa a opinião dos "ultras", do Berlusconi ou mesmo de Allegri ou Mano Menezes. Robinho conseguiu, novamente, me mostrar que nem mesmo o retorno de Sheva, na temporada 2008/2009, foi um negócio tão ruim.
        Foi uma vitória incontestável, que não merecia essa cena. Se eu fosse religioso, seria o retrato perfeito do "Beijo de Judas".

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