sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Zico e Flamengo: Quando uma Nação perde seu herói.

            
           Com pouca surpresa, pelo menos para mim, e uma carta de demissão emocionante, Zico se afastou do cargo de comando que exercia no futebol "profissional" do Clube de Regatas Flamengo. Alguns dias depois de um post onde falei exatamente sobre a situação de Zico e como o considero um peixe fora d'água no futebol brasileiro, a situação finalmente chegou ao fim desejado por grande maioria das pessoas que cercam o rubro-negro carioca. Uma pena que a luz no fim do túnel, a maior promessa de modernização e profissionalização do futebol nacional foi-se, sucumbiu as pressões de dirigentes, sócios, torcedores e tudo mais que torna esse grande clube, enorme em torcida, uma dos ambientes mais inóspitos para verdadeiros românticos do futebol.
            Em um das muitas passagens que se pode destacar, Zico afirmou:

"Espero que todos entendam que não posso carregar comigo a desconfiança de um dos setores mais importantes do clube, o Conselho Fiscal. E não há condições de debater com essas pessoas que estão a serviço de sabe-se lá quem ou o que, dispostas a jogar sujo e minar o próprio clube" 


          Mais objetivo, Zico, seria quase impossível. É consenso na imprensa que os grandes clubes brasileiros possuem, em sua direção, crápulas e pessoas sem ética. Pessoas estas que se interessam apenas no lucro que o futebol pode dar, e sempre o dá. Ainda mais na agremiação de maior torcida no país. A tentativa do eterno ídolo dessa Nação de moralizar as coisas naqueles porões da Gávea, onde empresários de jogadores e outros escroques manda e desmandam teve a recepção que eu, na minha humilde opinião, esperava e um bônus: os ataques plantados na imprensa acerca da participação de seus filhos em negociações de jogadores.


          Não há torcedor na direção de quase todos os grandes clubes nacionais. Há aproveitadores e pessoas da pior estirpe. A presidente Patrícia Amorim sabia disso, e sempre soube. Sua tentativa de arrumar a casa colocando a única pessoa incontestável e acima de todos no Flamengo foi louvável, mas tinha prazo de validade, dada a "classe" das pessoas que povoam a Gávea. Não estou dizendo que é só no Flamengo, entendam, mas, como ele é o maior do Brasil, a situação é a mais grave.


         O Galinho de Quintino, ainda em sua carta, diz aos torcedores:

"Ao torcedor fica meu lamento e o maior agradecimento de todos. O que ouvi ao longo do tempo foi sempre apoio, incentivo, mensagens de força. Mas realmente, nesse momento sinto que a minha presença está prejudicando o clube. É preciso união e muita gente está mais preocupada em me tirar do cargo do que com o Flamengo. Portanto eu saio."


         Se você torce para o Flamengo, deve ficar triste, de verdade. Se você é apaixonado por esse Clube, deveria se preocupar por que se essas "forças ocultas" derrubam até o eterno Zico, tenha certeza de que há algo MUITO errado na Gávea. Tão errado que nem o Zico, ídolo e herói maior dessa nação que você faz parte, é respeitado.

Nenhum comentário: